Explosão
Será talvez uma descoberta. No dia em que ele pesar sua mão sobre aquela bunda, meter sem dó, cuspir firme e impor a voz. Vontade ele acha que não lhe falta. Quantas vezes não se masturbou ao ver o cu daqueles homens com cara e jeito de homem. Ele sempre gosta quando mostram o cu nos filmes. Se é um filme hétero, se é um homem hétero e por alguma fatalidade o cu aparece, o gozo é certo. Esses dias tem inclusive notado que mesmo nas cenas de sexo oral, ele não repara tão mais nos paus, mas nas bocas. Quando há porra nelas, puta cara, que tesão. Mas é também pras bocas que cospem que ele olha, é pro pés que pisam, é pra mão que bate. Várias vezes sua ereção só chegou com um toque mais embaixo, mais atrás, um roçar, um querer entrar. Várias vezes brochou ao ver uma bunda se aproximar, se oferecer, se abrir. Ele, que goza com os cus nos filmes.
Goza por quê? Não sabe. Ativo? Tem medo. Passivo? Dói. É essa mesmo a verdade? É o medo, é a dor? Ou ele tenta querer ser e não é, ou ele é tendo medo de ser? Switcher? Não quer. Sabe-se lá por quê. Dominador? Ainda não. Submisso? Não mais. Talvez.
Ele pensa que há algo pra além do desejo que o impede de brotar, de florir. Mas e se tudo se limitar ao desejo que ele acha que tem, que ele quer ter ou aquele que ele não quer mais? O que é mais fácil? Tão bonito ser todos, ser tudo, tão bonito o plural. Que merda ser singular, ser talvez isso que todo mundo acha que é: especial. Que merda poder menos que o próprio corpo, que fraqueja, desmaia, dorme, pede água. O homem está submetido a essa vida física que o condena. O pulmão respira ou não respira, o sangue ferve ou não ferve, o coração bate ou não bate, o pau sobe ou não sobe. Não há voz que comande o corpo. O corpo é, pronto.
Ele leu que no fundo fazemos na cama o que na verdade queremos que façam conosco. Mas tantos vivem felizes sem mudar isso, não é? Por que justo ele vai se angustiar com essas coisas? Por que justo ele vai fazer o pau brochar com esse pensamento à toa?
É porque aquele menino lindo surgiu querendo abrir a bunda pra ele. É porque eles conversaram, se ligaram, se escreveram e se disseram bobagens que fizeram o pau dos dois estourar. O menino estava sendo o que sempre foi. Ele, tentando se encontrar. É porque aquele menino lindo surgiu assim tão lindo e ligou quando disse que ia ligar. Falou o que ele queria ouvir. Foi presente. Citou até o amor. O amor!
Mas o menino não é plural, e ele ainda não sabe se é. Quer dizer, em casa é, dentro da fantasia até é, mas nunca o foi na vida, tem medo de ser. Ele já está com medo de não se encontrar. Que merda essa, por que tem de ser assim? Por que o sexo só separa? Porque... é um detalhe só que talvez cause um desencontro. Um detalhe só!
É só um detalhe, só uma certeza, uma segurança, uma mão mais firme, um pau duro. Não é muito. Há tantas outras fraquezas mais graves que o menino, se continuar citando o amor, vai descobrir. Por que, diante de tantas fraquezas mais importantes, o pau não larga de frescura e não fica duro? E por que tanto pensamento antes de acontecer? Não há pau que endureça com tanto raciocínio. É preciso tentar. Quem sabe o menino não tente também. Que medos são esses, que monstros existem? O desejo é uma casa de janelas fechadas? Ele quer e vai tentar mergulhar
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